quinta-feira, 31 de dezembro de 2009


" Preciso ir para qualquer canto que me acolha sem me cobrar mais do que posso. Para qualquer colo que me acalante quando eu quiser chorar. Para qualquer bar que me embriague sem que eu perca a razão.
Preciso ir a uma cachoeira que me massageie as costas, a um campo em que a grama seja macia. Preciso ir a uma cama de carinho, a uma janela que dê para o fim da rua. Preciso ir até a estação de trem que me levará a outro lugar. Preciso ir. Não quero mais ficar aqui. Eu não combino mais com a decoração desse lugar. Eu limpo a casa e ela nunca brilha. Meus gatos estão todos indo embora. Até os gatos que têm fama de gostarem mais da casa do que de seus donos estão indo embora.
Daqui não vejo mais o pôr-do-sol. Não vejo mais aquele morro com palmeiras e ipês. Daqui não vejo mais nada. Aqui me sinto um nada.
Eu preciso ir. Eu vi no mapa mundi, têm bastante lugar por aí. Eu vou encontrar um lugar. Eu só preciso ir. "

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